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sábado, 3 de janeiro de 2009

Último dia



Acordei várias vezes. Pedi pro Bru me ligar quando o avião dele saísse e quando decolasse de novo da escala em Atlanta. Às 6H e às 8H. Fora isso, dormi mal. Aquele jeito de dormir de criança que tem acampamento no dia seguinte, sabe? Melhor, quem sabe assim desmaio de sono no avião e acordo só em São Paulo, né? Pois bem, acordei de vez às 9H, acabei de fechar as malas, de esvaziar a geladeira, de levar o lixo pra fora do apartamento. Tomei um banho demorado, troquei de roupa e relaxei um pouquinho no sofá. O sofá é uma das melhores coisas deste apartamento, depois da vista. Delícia. Aí resolvi dar minha última volta. Duane Reade para comprar os iTune cards do Bruno. Entrada do MAD, só para sacar qual era a desse museu que ficava na porta de casa, tinha tudo a ver com o que eu faço e eu ignorei sumariamente. Pé no Central Park, para curtir um solzinho na cara e dar tchau pro que NY tem de melhor (não, não é o sofá do meu apartamento). Passada no Time Warner Center para comprar um café-da-manhã-almoço. Volta para o apê. Essa voltinha de 1H30 resumiu bem a cidade em que eu passei os últimos 40 e poucos dias. Dá pra fazer muita coisa em pouco tempo. Mas se você não se policiar, fica tudo muito superficial. As distâncias aqui são relativas: uma quadra, uma geração, um continente, um estilo musical. Isso é perto ou longe pra você? Realmente depende de até onde você quer chegar. É um lugar de excessos e de supérfulos. Não dá nem pra tentar pensar pequeno. Tudo é grande, tudo é muito. Da altura dos prédios, das vitrines das lojas ao pacote de absorvente que eu fui comprar na farmácia (só existe pacote com 32! pode?). NY é um lugar para somar, não acredito que as pessoas consigam realmente dividir aqui. Tem um monte de iniciativa pipocando pelo caminho: ecobag em todo canto, gente recolhendo doações para as mais diversas instituições, ong disso e daquilo, famílias de mão dadas. Mas no fundo, a cidade te empurra pra você mesmo. Mal dá tempo de almoçar sentado, como você vai pensar no outro? E as pessoas vão ficando bem auto-centradas. Cada um bem na sua. Ao mesmo tempo que é um caldeirão de culturas. Dos imigrantes e turistas. O que faz com que cada um tenha que ser 10 vezes mais tolerante. Imagina que saco, na hora do seu almoço, a fila toda atrasar porque um grego que não fala inglês quer pedir um café com leite desnatado? Aconteceu hoje. E garanto a vocês que o assistente de marketing ou contador que estava atrás de mim estava puto. Mas esperou educadamente a vez dele. Outros não vão por este caminho e tomam o partido do "eu sou melhor que você, turista idiota". Também aconteceu comigo hoje, nesta hora e meia. Saindo do parque dei de cara com um cara com um gato na cabeça. Tirei uma foto e saí andando. O cara veio atrás de mim e me pergutou: "tirou uma foto? quero meu dinheiro!" Eu, puta da minha vida, disse que não tinha dinheiro. Não tinha mesmo e se tivesse também não ia dar. O cara jogou longe o cigarro que estava fumando e me MANDOU apagar já a foto. "I'm not happy at all." Apaguei e respondi: "Neither do I, sir. Neither do I." Ser fotogrado virou emprego aqui. Coitado do gato, nesta história bizarra. Enfim, tem de tudo. E pra aproveitar tem que ter olhos e ouvidos bem abertos. Tem que deixar a cidade te levar. NY não é um lugar para descansar. Nunca foi. É um lugar para ver, para viver, para aprender e para crescer. Volto maior. E mais humana. Pelo menos é o que eu espero.

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