All that jazz

Fui ao Blue Note, um dos templos do jazz de NY, no Village. E confesso que me emocionei. Foi tudo meio na sorte. Uma galera da agência do Bruno deu a dica: "Vai rolar Dave Brubeck no feriado". A gente tentou comprar mas estava sold out. Na sexta passamos lá e conseguimos, na hora do show, um lugarzinho. Mesa apertada, um tiozinho bem divertido do nosso lado, daqueles caras que devem entender tudo de jazz. Do outro, uma turma de japoneses meio dormindo, daqueles que não tinham idéia do que estavam fazendo ali. O show foi tudo. O cara é pianista, explodiu na década de 50, tem 88 anos, quase não consegue andar direito, mas vira um gigante quando senta ao piano. O saxofonista é outro show a parte. Toca muito. E ainda dá umas requebradas. Todo mundo de cabelo branco. Todo mundo muito feliz de estar tocando muito. E eu muito feliz de estar ali. Mais tarde liguei pro meu pai, que teria adorado aquilo tudo. Ele: "Não filha, você deve estar enganada. O Dave Brubeck já morreu. Se ele estivesse vivo ele teria uns 100 anos. Tem certeza?" Tenho pai. O cara tá inteirão, mais vivo que muitos de nós.